Por que dormimos?
Até a metade do século 20, os cientistas acreditavam que o único motivo porque dormíamos seria para descansar. Hoje, sabemos que não é só por isso. Nós dormimos por três motivos: para economizar energia, para fazer manutenção do corpo e para consolidar a memória.
O primeiro é óbvio. Enquanto dormimos, nosso corpo consome menos energia. Se não dormíssemos, teríamos de consumir um número muito maior de calorias para sobreviver.
A segunda função do sono tem a ver com os processos reparadores que nosso corpo executa enquanto dormimos. Na década de 1980, cientistas da Universidade de Chicago comprovaram isso realizando um teste com ratos. Após duas semanas impedidos de dormir, os bichos simplesmente morreram. Eles tinham desenvolvido manchas e feridas que não saravam e, independente da quantidade de comida que ingerissem, só perdiam peso. Até que, de uma hora para a outra, apagavam e não acordavam mais. O mesmo estudo foi repetido no ano 2000, e a conclusão foi a mesma: não dormir mata.
A possível explicação para isso foi dada em um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Os cientistas mantiveram pessoas acordadas por 29 horas e perceberam uma alteração: o nível de células brancas no sangue delas aumentou bastante, atingindo a mesma quantidade registrada em pessoas feridas. As células brancas são o elemento central do sistema imunológico. Quando ficamos sem dormir, ele dispara – o que, em tese, poderia comprometer a habilidade do organismo de combater infecções.
“O organismo libera hormônios como cortisol e adrenalina, respostas típicas de situações de estresse”, diz a médica Luciana Palombini, do Instituto do Sono. E isso desencadeia uma série de processos já nas primeiras 24 horas. Primeiro, a pressão sanguínea aumenta. Logo depois, o metabolismo se desregula, e a pessoa sente uma vontade incontrolável de comer carboidratos Em seguida, se a pessoa continuar acordada, começa a ter alucinações.
Mas não dormir, ou dormir mal, pode estar na raiz de doenças neurológicas gravíssimas. Num estudo recém-publicado, pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova York, mostram que o cérebro aproveita o sono para fazer uma limpeza – descartando células mortas e moléculas da proteína beta-amiloide, cujo acúmulo impede as conexões entre neurônios e provoca Alzheimer, doença incurável que leva à perda de memória. O que nos leva à terceira função do sono: gravar – e destruir – as nossas memórias.
O nosso cérebro não fica ‘desligado’ enquanto dormimos. O sono é neurologicamente agitado.
Existe uma hipótese da homeostase sináptica (SHY, em inglês), criada por dois psiquiatras da Universidade de Wisconsin. Eles explicam que, durante o sono, o cérebro desfaz algumas das conexões entre neurônios, ou seja, ele apaga memórias. O corpo libera ácido gama-aminobutírico, uma substância que enfraquece as relações entre os neurônios e deleta algumas das memórias adquiridas durante o dia. Objetivo: liberar ‘espaço’, capacidade cerebral, para que continuemos sendo capazes de aprender coisas novas.
Referências:
O que acontece enquanto você dorme. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/o-que-acontece-enquanto-voce-dorme/. Acesso em 01/12/19.
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